A
verdade é que se pode reconhecer uma mulher marcante há quilômetros de
distância. Sem precisar sentir o perfume forte ou ver o batom vermelho. A
mulher marcante dispensa acessórios, é completa em si mesma. Não precisa
anunciar-se, por que tem o dom de não passar despercebida. A mulher marcante
nunca pretende incomodar, não gosta de provocar a inveja alheia. Um olhar de
despeito não torna o seu dia mais alegre, pelo contrário, lhe é indiferente. A
mulher marcante sabe bem do seu poder, por isso consegue admirar tranquilamente
a beleza alheia, elogiar a grandeza de outrem sem sentir-se diminuída. Vez ou
outra ela sai bem vestida e bem maquiada, mas por trás daquilo tudo ainda exala
um aroma de naturalidade que encanta. Cultua a beleza porque gosta, mas
definitivamente não precisa. A sensualidade está presente, mas não se pode
dizer de onde ela vem.
A
mulher marcante é, sobretudo, sutil. Ela não grita aos quatro ventos a própria
virtude, ela não precisa humilhar outras mulheres ou provocar os ex-namorados.
Ela realmente faz toda a diferença. Ela sabe ser dispensada com um ar sensato
que faz qualquer galã sentir-se um babaca. Ninguém jamais a abandona sem que se
arrependa amargamente pelo resto da vida, e ela guarda um encanto que não deixa
espaço pra críticas maldosas. Ela é do tipo que não quebra promessas e não
omite os próprios defeitos. Ela se aceita e nunca se desculpa por ser quem ela
é. Ela compreende a efemeridade das coisas e das pessoas, mas se recusa
terminantemente a ser efêmera. E não poderia ser, mesmo que quisesse, porque
ela sempre vem pra ficar. Mesmo depois que vai embora, de alguma forma ela
fica, porque é do tipo de mulher que não precisa se fazer presente para ser
lembrada.
A
mulher verdadeiramente marcante nunca se diz melhor que as outras, embora em
muitos aspectos ela seja. Ela guarda os seios bem guardados numa blusinha
discreta, em vez de espremê-los num sutiã menor que o seu manequim.
A
mulher marcante não se importa de ter gostos peculiares. Ela não segue
tendências, mas também não persegue a originalidade a todo custo. Ela não tem
vergonha (e nem orgulho) de dizer que gosta do que ninguém gosta, ou que gosta
do que todo mundo gosta. A opinião alheia nunca é um problema para ela, porque,
verdadeiramente, ela se basta. Sem petulância e sem egoísmo, ela se basta. E
por isso mesmo ela não sente necessidade de falar de si mesma, quase nunca.
Esse
tipo de mulher sofre constantemente com a inveja alheia, embora, na maioria das
vezes, sequer se dê conta. Ela se ocupa em tornar-se alguém melhor e superar os
próprios limites, ela gosta tanto de distribuir bons sentimentos que os
sentimentos ruins passam despercebidos diante de seus olhos. E isso a torna, de
certo modo, inatingível. Embora não queira e não precise incomodar, ela
incomoda. E muito. Desperta, na verdade, uma enorme curiosidade em torno do que
a faz tão atraente. Pouca gente entende. Não se sabe qual é o traço que chama tanta
atenção, ninguém consegue identificar a virtude que a torna tão marcante.
Mulheres marcantes são, sobretudo, raras.
É
curioso: Quanto mais ela se esconde, mais evidente fica. Quanto mais neutra
busca ser, mais marcante se torna. Leveza é o seu sobrenome, mas a sua presença
pesa como nenhuma outra.
(Nathali Macedo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário