domingo, 29 de novembro de 2015

Era como me fazia tão feliz.


Era como ele me fazia rir
não o riso, mas era como
ele me afundava as mãos
e me torturava de cócegas
nunca foram as gargalhadas
era essa maneira única em
que ele me tirava todo ar
e me matava por um triz
era como me fazia tão feliz
antes e depois de um sorriso.

(Cáh Morandi)

Não sofra mais.


Hoje amanheci tão bem! Como se durante a noite tivesse vindo uma fada, uma dessas fadas das histórias antigas, fadinha boa com sua varinha de condão, não sofra mais querida, disse tocando com a varinha a minha cabeça, não sofra mais, ficou repetindo, e nessa hora acordei e me senti diferente.

(Lygia Fagundes Telles)

Siga a sua natureza.


Veja o falso como falso,
o verdadeiro como verdadeiro.
Olhe para o seu coração.
Siga a sua natureza.

(Buda)

Deixe que se vá.


Se algo estiver ao seu alcance... desfrute.
Quando se for... deixe que se vá
com o coração cheio de gratidão.

(Osho) 

sábado, 28 de novembro de 2015

O riso.


É preciso se apaixonar pelo riso do outro antes de namorar.
É preciso se apaixonar pela gargalhada antes do romance.
O riso é a brisa farfalhante do rosto. O sopro benfazejo. O recreio das linhas faciais.
É preciso se apaixonar pelo jeito que a pessoa sorri para as fotos, pelo modo como sorri de canto, de boca inteira, flertando o infinito.
Mais do que gostar do corpo ou do olhar, deliciar-se com o riso, maravilhar-se com o riso. O amor não vive em cinema mudo. O amor não vive de legendas. O riso é Espírito Santo: fala todas as línguas.
Não há como se envolver sem admirar o som do contentamento de nossa companhia, o timbre por detrás da risada. O riso é decisivo. Não pode ser melhor do que a piada, nem reprimido como um resmungo.
Não pode ser histérico, muito menos desafinado.
Assim como não se ri olhando para o chão, o riso é o reverso do choro, altivo, otimista, levanta o queixo, bebemos o ar no gargalo do céu.
O riso é a música que cada um traz da orquestra de seu pulmão, desde quando fugia das cócegas de bebê, desde quando se escondia em pilares para receber o susto dos adultos.
O riso é a voz mais pura, determina como gememos ou sussurramos.
Cada um ri como um instrumento. Meu riso é do tambor. Rufadas de risos. Rio alto. Há também o riso safado de tamborim, o riso sensual do saxofone, o riso sério do trompete, o riso lânguido do violoncelo, o riso triste do violino. Nunca se fez um coral de risos, mas que bonito seria compor agudos e graves somente de sorrisos.
Ame o riso do seu amor, para ter vontade de fazê-lo feliz. Do contrário, fará de tudo para que seu par seja triste.

(Fabricio Carpinejar) 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Gratidão.


Que minha gratidão seja maior que meu ressentimento diante das adversidades. Que meu espírito saiba reconhecer os presentes por trás da rotina, e que na correria do dia a dia eu ainda possa me encantar diante dos pequenos gestos. Que eu esteja grato desde o primeiro espreguiçar da manhã, e que possa entender os desfechos do meu dia com serenidade ao cerrar os olhos. Que o meu semblante carregue não somente o pesar pelos infortúnios diários, mas que encontre motivos para sorrir ao primeiro vestígio de benevolência e paz. Que haja fé, apesar das tempestades. Que haja serenidade, apesar das turbulências. Que haja gentileza, apesar dos tropeços. E que permaneça a gratidão, sempre e em todo lugar.

O Universo devolve o que recebe. E ao demonstrar gratidão, um recado de amorosidade é enviado. Um reconhecimento pelas colheitas nos campos e em nossas vidas.
Que nenhuma penumbra impeça nosso espírito de se sentir acolhido e abraçado.



Talvez a gratidão seja um sentimento que necessita ser exercitado. E praticá-lo requer analisar nossa colheita diária buscando algo que possa ser devolvido com carinho ao Universo. Mesmo um dia puxado, carregado de dúvidas e frustrações tem sua parcela de bençãos. E a gente tem que se esforçar para tirar aquela gotinha de gratidão num mar salgado de inquietação.

Esta noite não haverá uma ceia onde nos daremos as mãos e agradeceremos juntos as bençãos em nossas vidas. Mas poderemos sim, no silêncio de nosso quarto, lembrar com gratidão o que temos de fato. O teto sobre nossas cabeças, a saúde que nos possibilita estar de pé, nossas amizades, a oportunidade de estudar ou trabalhar, nossa capacidade de amar, os pequenos trunfos que acontecem diariamente, as conquistas que nos fazem sorrir e enchem nosso peito de alegria.
Nem sempre haverá um circo dentro da gente. A maioria dos dias não tem banda animada nem soldadinhos marchando alegremente. Mas ainda assim, é possível agradecer pelo dom de ter um espírito livre, que nos garante uma boa safra no fim do dia. Dormir em paz, sabendo que nosso rio flui sem grandes desvios, é um milagre. E milagres têm que ser celebrados. Reconhecidos também. Que a gente possa reconhecer nossas dádivas, presentes miúdos que garantem a construção de nossa existência. E que cada dia arrecade a sua porção de fé e gratidão... Amém.

(Fabíola Simões) 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O que nos imortaliza.


Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória de quem amou a gente.

(Martha Medeiros) 

Tenho tudo, então.


(...) Toda minha riqueza está em meu coração. Toma! É teu meu abraço, olfato e tato, aconchegue-se em meu peito, esqueça o pronome, preencha o sujeito: somos extensão. 
Eu me tenho, nós nos temos. Tenho tudo, então. 

(Marla de Queiroz) 

domingo, 15 de novembro de 2015

Sou tudo que posso.


Sou uma cabeça dura de coração mole. A razão perde feio para o que sinto. Finjo que preciso dela, mas acabo sempre consultando a minha intuição. É mais forte do que eu, é ponto fraco. 
Meu jeito de perceber é com as sensações. Não ouço, absorvo. Não falo, me mostro. Existe muito de mim no que demonstro. O que digo consulta antes o que pressinto até decidir tomar forma.
No final, posso não ter razão, mas sou tudo que posso - e só posso se tiver coração no meio.
(Fernanda Gaona)

O mundo é só espelho.


Quem cultiva esperança colhe felicidade. 
A paz começa dentro, o mundo é só espelho.

(Vitor Ávila)

Gente fina, elegante e sincera.


Gente fina, é aquela que é tão especial, que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto.
Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados:
sabe transgredir, sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana.
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.
Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas. "Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera".
O que mais se pode querer? Gente fina, não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz toda a diferença. 

(Martha Medeiros) 





O que é o amor?


Amor, o que é o amor? Não creio que se possa realmente pôr em palavras. Amor é entender alguém, se importar, compartilhar as alegrias e tristezas. Isso pode incluir o amor físico. Você compartilha alguma coisa, dá alguma coisa e recebe algo em troca, seja ou não casada, tenha ou não um filho. Perder a virtude não importa, desde que você saiba que, enquanto viver, terá ao lado alguém que a compreenda e que não precisa ser dividido com ninguém mais! 

(Anne Frank) 

sábado, 7 de novembro de 2015

Que todo mundo tenha.


Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio comprido do tempo.


 (Briza Mulatinho)

Sentir as coisas.



Quero a delícia de poder sentir as coisas
cada dia mais simples.

(Manuel Bandeira)

Ainda somos os mesmos.


O bom da vida é essa capacidade de dar uma trégua quando o curso de nosso rio caminha turbulento, e descobrir que ainda somos os mesmos, apesar das ranhuras, faltas e falhas.

(Fabíola Simões)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A amizade.


Talvez a amizade seja isso. A capacidade de nos darmos as mãos em que tempo for. A possibilidade de voltarmos a ser quem éramos no instante em que nossas histórias são recontadas de um jeito novo. A vontade de que o tempo não desfaça os laços nem desate os nós. A permanência de quem fomos no olhar de quem nos vê. A construção de um tipo de amor que não se desfaz com o sopro do tempo, mas se recompõe ao primeiro toque de acolhida. A vontade de estar junto, mesmo que isso custe horas de estrada e algum sacrifício.
Constatar que ainda somos os mesmos, apesar da bagagem adquirida por cada um, nos acalenta e fortalece para prosseguir. Pois descobrimos que amadurecemos, mas ainda conservamos algo em nós que permanece brilhando. Algo que não se perde nem com as ventanias nem com as tempestades. Algo que nos diz que estamos no caminho certo, apesar de vivermos histórias tão distintas.
É por isso que reencontrar amigos nos faz lembrar. Lembramos quem um dia fomos, lembramos a parte de nós que deixamos numa curva do caminho, lembramos aqueles que desejamos voltar a ser. Talvez saudosismo não seja a palavra exata para nomear esse tipo de sentimento. Acredito que "resgate" defina melhor essa sensação de querer buscar a porção de nós que nos lembra que a vida pode ser decodificada de uma forma mais simples e bonita. A porção de nós que reafirma e recorda que ainda somos os mesmos, apesar do tempo, em que tempo for. 

(Fabíola Simões) 
                                                             

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu me importo sim.


(…) E apesar de rir e fingir que não me importo, eu me importo sim. Tem dias que gostaria de ser diferente, mas isso é impossível. Estou presa ao caráter com qual nasci, e mesmo assim tenho certeza de que não sou má pessoa. Faço o máximo para agradar a todos, mais do que eles suspeitariam num milhão de anos.

(O Diário de Anne Frank)

sábado, 24 de outubro de 2015

Os 10 mandamentos de Osho.



Você pergunta pelos meus dez mandamentos. Isso é muito difícil, porque eu sou contra qualquer tipo de mandamento. Todavia, só pela brincadeira, eu estabeleço o que se segue:

1 - Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham de dentro.
2 - O único Deus é a própria vida.
3 - A verdade está dentro, não a procure em nenhum outro lugar.
4 - O amor é a oração.
5 - O vazio é a porta para a verdade, é o meio, o fim e a realização.
6 - A vida é aqui e agora.
7 - Viva completamente acordado.
8 - Não nade, flutue.
9 - Morra a cada momento para que você possa se renovar a cada momento.
10 - Pare de buscar. O que é, é: pare e veja.

(Osho) 

A natureza alivia.


Enquanto ainda há disto, pensei, um Sol tão brilhante, um céu sem nuvens e tão azul, e enquanto me é dado ver e viver tamanha beleza, não devo estar triste. Para qualquer pessoa que se sinta só ou infeliz, ou que esteja preocupada, o melhor remédio é sair para o ar livre, ir para qualquer parte, onde possa estar só com o céu e com a natureza, e com Deus. Então compreende que tudo é como deve ser e que Deus quer ver os homens felizes no meio da natureza, simples e bela. Enquanto assim for - e julgo que será sempre assim - sei que há uma consolação para todas as dores e em todas as circunstâncias. Creio que a natureza alivia os sofrimentos.

(O Diário de Anne Frank)

Relacionar-se e relacionamento.


Você deveria ser capaz de estar só, completamente só e, ainda assim, tremendamente feliz. Então, você pode amar. Então, seu amor não é mais uma necessidade, mas um compartilhar, não mais é uma carência. Você não se tornará dependente das pessoas que você ama. Você compartilhará – e compartilhar é bonito. Esta é a diferença entre relacionar-se e relacionamento: relacionamento é uma coisa: você se apega a ele; relacionar-se é um fluxo, um movimento, um processo. Você encontra uma pessoa e você ama, porque você tem muito amor disponível.

(Osho) 

O amor chega quando a gente menos espera.


(...) Contigo, eu aprendi sobre liberdade, sobre deixar o Outro ser quem ele é, no âmago da palavra, e do sentimento também. Talvez eu não tivesse tido a chance ou mesmo a coragem de dizer o quanto me reinventei, me transformei e me aceitei frágil e imperfeita, desde a nossa primeira temporada juntos.
É, moço, você me ensinou a fechar todos os meus ciclos, todas as histórias mal resolvidas que deixei esparramadas por aí, sem receio do que viria depois. O tempo ao teu lado me proporciona formas – de todos os ângulos, cores e texturas – de conhecer melhor a minha essência e de compreender, com mais nitidez, a soma dessa escolha nossa.
Você nunca soube o quanto a tua companhia me ensinou a manter uma convivência madura e sadia comigo e com a minha solidão, com o meu passado e com este presente que nos brinda com sutil delicadeza. Vem aqui, chega perto, que hoje – sem mais tardar – preciso te dizer o quanto eu te amo, o tanto que eu te quero bem, que eu te quero perto.
Sim, eu nunca disse que quando os meus pés se aninham tão bem aos teus, como num gesto de proteção, de saber-te ali, tenho a plena sensação de que o amor chega quando a gente menos espera. E ele sempre sabe onde.

(Bibiana Benites)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fique com alguém.



Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana. A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele. A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não. A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda. Amor que é luta é ego. Amor que rebaixa é dor. E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não orna, não serve.
Fique com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não tenha meias palavras. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples. Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora.
Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros.
Fique com alguém que não deixe existir zonas nebulosas. Que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem. Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa.
Fique com alguém que não tenha traumas. Que não tenha assuntos mal resolvidos. Que saiba que para ser feliz, tem que deixar o passado passar. Fique com alguém que só tenha interesse no futuro e que queira esse futuro com você.
Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais.
Fique com alguém que te transborde. Que te faça sentir que você vai explodir de tanto amor. Que te faça sentir a pessoa mais especial do universo. Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados.
Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for. Que planeje com você um casamento na praia, uma casa no campo e um labrador no quintal. Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você.
Fique com alguém que não se esconda. Que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça. Fique com alguém cujas palavras complementam suas ações.
Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade. Fique com alguém que acredite que você é capaz de tudo aquilo que queira.
Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas. Fique com alguém que te olhe da cabeça aos pés e saiba, sem hesitar, que é você e só você.
Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.

(Marina Barbiere) 

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

É preciso ir embora.



É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim,  que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua pegada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso.
É preciso ir embora.
Ir embora é importante para que você veja quevocê é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversario, você estando aqui ou na Austrália. Esse papo de “que saudades de você, vamos nos ver uma hora” é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo  que vai terminar a frase “Que saudade de você…” com  “por isso tô te mandando esse áudio”;  ou “porque tá tocando a nossa música”ou “então comprei uma passagem” ou ainda “desce agora que tô passando aí”.
Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora “da galera” que está presente quando convém.  Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.
As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir.  Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.
(Antônia no divã) 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Mereço alguém.


Mereço alguém que não abandone a conversa mesmo quando não mais tiver assunto pra continuar. Alguém que faça questão de sentar ao meu lado, que reverse o olhar, o abraço e a vida pra mim, que sempre encontre um espaço e um tempo pra me encaixar mesmo que a rotina seja bagunçada e o tempo curto demais. Alguém que confira se tranquei as portas, e se desliguei o café porque eu sempre esqueço. Alguém que saiba que amar não é obrigação, que zelar é um gesto importante e que o amor não se acaba com os erros. Alguém que tenha paciência comigo, que aceite o meu atraso porque sempre fui indeciso em escolher a melhor roupa pra não fazer feio. Alguém que entenda a minha mania de ansiedade. Alguém que apareça com um par de ingressos pro show do Nando Reis, que me leve pro cinema sem data ou hora marcada, que me faça bem, que me tire da cama e me apresente aos lugares, aos amigos e ao mundo. Alguém que me abrace mesmo suado, que me beije de manhã cedo sem pensar em bafo, que acaricie minha nuca e que, ao mesmo tempo em que me olha, diz com um só sorriso que sou importante sim.
Mereço alguém que me encare quando eu estiver distraído, que sorria da minha cara de preocupado e de assustado, que me ligue pra narrar o seu dia, que encoste o ombro no meu peito enquanto faz frio e o filme passa. Alguém que não precise de mim apenas nos piores momentos, mas que precise de mim sempre. Alguém que não tenha vergonha, nem orgulho, que some e não suma, que fique e não desapareça, que me entorte a cara se eu disser bobagem mas que, ao menos, me permita dar um beijo como desculpas. Alguém que me faça sorrir sem se preocupar, nem se importar se meu cartão de crédito está no vermelho ou se vou ter que pagar duas cadeiras na faculdade. Alguém que me faça esquecer os problemas só em sorrir pra mim e que me deixe com aquela sensação ao voltar pra casa de que o meu dia está ótimo mesmo quando esteja uma droga. Alguém que encontre nos piores momentos uma lição, e que nos melhores momentos encontre sempre um bom exemplo pra melhorar nossa relação. Não mereço alguém que não sabe o que quer, mereço alguém com certezas. Mereço alguém que seja sincero comigo e principalmente, que se entregue por inteiro porque eu não estou aqui pra receber metade de ninguém.
Não mereço alguém de conversa mole, que enrole, com meias palavras e cheia de desculpas. Não mereço alguém que me dê mais perguntas do que certezas, que seja a causa e não a solução pros meus problemas. Mereço alguém que troque seu domingo de praia por um domingo em casa, que acorde tarde e que use os meus chinelos sem se importar se são dez vezes maiores que seu pé. Alguém que repare o tempo mas que não tenha medo dele, que tenha mania de ler as noticias dos jornais só depois de ter lido o horóscopo do dia na página seis. Alguém que largue as roupas pela casa, que estenda a toalha no varal meio bagunçada, que se sinta bem comigo e que mesmo me mandando pro inferno, me procure. Alguém que chegue logo, que sempre adie a hora de ir, que fique pra agora e que vá só depois que a saudade se acalmar só um pouquinho. Alguém que não desista de mim e que me faça sentir que sou realmente importante e necessário. 
(Iandê Albuquerque)

terça-feira, 14 de julho de 2015

Minha natureza.


Talvez seja da minha natureza não me sentir pertencendo totalmente a lugar nenhum, em lugar nenhum.
(Chico Buarque de Holanda) 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Toda amplidão.


Um suspiro e o ar do mundo todo me pertence e cabe em mim uma desmesura de limites, um abarcar de firmamentos, uma envergadura de oceanos. Trago o cheiro de todas as marés que te lamberam os pés, de todas as luas que pratearam tua pele, de todos os sóis que teus olhos já viram. Sou eu e todas as mulheres, reinventada a cada instante maior, mais bela, mais ampla. Em mim cabem eu e todas as coisas porque eu me invento e desinvento cada vez que meus olhos piscam e enxergam um mundo vasto, mais vasto, mais vasto ainda. Há assombro e espanto nas pontas dos meus dedos e sorrio um estilhaçar de felicidade. Já não me pertenço, nem me oriento. Sou toda amplidão. 

(Ticcia)

Próximos de nós mesmos.



Que possamos redescobrir nossa força para sairmos das prisões de nossas crenças limitantes. Que nossa luz seja mais forte e possa nos guiar de volta para nosso centro, para nossa essência. Que nada possa nos manter presos dentro dessas malas pesadas com as histórias de nosso passado. Que somente o presente seja vivido integralmente e a cada dia estejamos mais próximos de nós mesmos. 

(Sagrad)

domingo, 12 de julho de 2015

Presente que se descortina.





E por fim, não se esqueça: é das coisas mais simples que a gente se lembra mais. E um dia, tarde da noite, talvez você se recorde de antigos sons, vozes aquecidas que embalaram sua infância, cheiros conhecidos de tinta escorrida pelo chão da sacada, ou a música que embalou o amor de seus pais. Então, nesse presente que se descortina, absorva esses momentos simples com sabedoria, pois são eles que dão sentido à existência. E se chorar um pouquinho, não se ressinta dessa emoção, pois é esse sal que tempera a experiência linda e única que começa agora.



(Fabíola Simões)

Carta à Maria.




Para Maria da Graça
Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: “Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?”
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: “Estou tão cansada de estar aqui sozinha!” O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos, Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: “Oh, I beg your pardon” Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: “Gostarias de gato se fosses eu?”
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: “A corrida terminou! mas quem ganhou?” É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: “A minha história é longa e triste!” Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: “Minha vida daria um romance”. Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energeticamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: “Minha vida daria um romance!” Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: “Devo estar diminuindo de novo” Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuido tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo. E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor. Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”.
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

(Paulo Mendes Campos. Do livro “O amor acaba")

sábado, 11 de julho de 2015

Desafio.



Eu te desafio a reclamar menos do que não dá certo. E a sorrir a cada pequena conquista. A, ao invés de olhar sempre para a própria vida, virar um pouco a cabeça e enxergar o outro. A saborear cada passo e não te preocupar somente com a meta final. A, por mais que as coisas fiquem nebulosas, não endurecer. A entender que certos vazios fazem parte do processo. A não esquecer das delicadezas que importam tanto. A lembrar sempre que todo mundo tem uma força que só aparece na hora do aperto. E a se deixar enfraquecer às vezes. A ter consciência que ninguém está aqui por acaso e que precisamos ter objetivos concretos na vida. E a aceitar que nem sempre descobrimos quais são esses objetivos cedo. A nunca desistir de tentar e a não se esconder no primeiro não. A entender que sonhos são fundamentais para a nossa sanidade mental. E a não esquecer de quem nos acolhe.  

(Clarissa Corrêa)


O universo sempre conspira.


Uma hora ou outra o destino se ajeita, as coisas se acertam.O passado é esquecido, as dores cicatrizam. Quem tem que ficar fica, o que é verdadeiro permanece, e o que não é some. Não tenho pressa, não guardo mágoas, não desejo muito. Só espero, na minha. Aprendi a ser paciente. Aprendi a ouvir uma boa música quando a tristeza bater. Aprendi a ignorar o que me faz mal. Aprendi, sobretudo, a ter fé. Fé de que, por mais difícil que seja, o universo sempre irá conspirar ao seu favor. 
(Luiz Moreno)

domingo, 29 de março de 2015

O tempo.


Sempre imaginamos que teremos mais tempo. Que podemos deixar para depois certas ações, que elas se concretizarão naturalmente, dentro do nosso tempo. Porém, nem sempre o nosso tempo é o tempo que está reservado para nós. E é muita pretensão acreditar que podemos prorrogar nossos passos ou adiantar nossos desejos só porque acreditamos que domamos os relógios da vida e dos acontecimentos...

(Fabíola Simões)


terça-feira, 10 de março de 2015

Um homem precisa viajar.


Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

(Amyr Klink)

segunda-feira, 2 de março de 2015

Quando falo de amor.


Eu não consigo falar baixo quando falo de amor. Quando escrevo sobre ele. 
Quando sinto ele. Quando amo eu (trans)bordo Poesia em mim.



(Bibiana Benites)

Lembra de mim.


Lembra de mim! Dos beijos que escrevi nos muros a giz. Os mais bonitos continuam por lá documentando que alguém foi feliz...
Lembra de mim! Nós dois nas ruas provocando os casais, amando mais do que o amor é capaz. Perto daqui há tempos atrás...
Lembra de mim! A gente sempre se casava ao luar, depois jogava os nossos corpos no mar, tão naufragados e exaustos de amar...
Lembra de mim! Se existe um pouco de prazer em sofrer, querer te ver talvez eu fosse capaz. Perto daqui ou tarde demais...
Lembra de mim!


(Lembra de mim, Ivan Lins)