quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Gratidão.


Que minha gratidão seja maior que meu ressentimento diante das adversidades. Que meu espírito saiba reconhecer os presentes por trás da rotina, e que na correria do dia a dia eu ainda possa me encantar diante dos pequenos gestos. Que eu esteja grato desde o primeiro espreguiçar da manhã, e que possa entender os desfechos do meu dia com serenidade ao cerrar os olhos. Que o meu semblante carregue não somente o pesar pelos infortúnios diários, mas que encontre motivos para sorrir ao primeiro vestígio de benevolência e paz. Que haja fé, apesar das tempestades. Que haja serenidade, apesar das turbulências. Que haja gentileza, apesar dos tropeços. E que permaneça a gratidão, sempre e em todo lugar.

O Universo devolve o que recebe. E ao demonstrar gratidão, um recado de amorosidade é enviado. Um reconhecimento pelas colheitas nos campos e em nossas vidas.
Que nenhuma penumbra impeça nosso espírito de se sentir acolhido e abraçado.



Talvez a gratidão seja um sentimento que necessita ser exercitado. E praticá-lo requer analisar nossa colheita diária buscando algo que possa ser devolvido com carinho ao Universo. Mesmo um dia puxado, carregado de dúvidas e frustrações tem sua parcela de bençãos. E a gente tem que se esforçar para tirar aquela gotinha de gratidão num mar salgado de inquietação.

Esta noite não haverá uma ceia onde nos daremos as mãos e agradeceremos juntos as bençãos em nossas vidas. Mas poderemos sim, no silêncio de nosso quarto, lembrar com gratidão o que temos de fato. O teto sobre nossas cabeças, a saúde que nos possibilita estar de pé, nossas amizades, a oportunidade de estudar ou trabalhar, nossa capacidade de amar, os pequenos trunfos que acontecem diariamente, as conquistas que nos fazem sorrir e enchem nosso peito de alegria.
Nem sempre haverá um circo dentro da gente. A maioria dos dias não tem banda animada nem soldadinhos marchando alegremente. Mas ainda assim, é possível agradecer pelo dom de ter um espírito livre, que nos garante uma boa safra no fim do dia. Dormir em paz, sabendo que nosso rio flui sem grandes desvios, é um milagre. E milagres têm que ser celebrados. Reconhecidos também. Que a gente possa reconhecer nossas dádivas, presentes miúdos que garantem a construção de nossa existência. E que cada dia arrecade a sua porção de fé e gratidão... Amém.

(Fabíola Simões) 

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