terça-feira, 23 de agosto de 2016

Tenho me enchido de luz.


Tenho pensado, nos últimos dias, em como Deus escolhe a dedo as pessoas que coloca perto da gente. E que, sem essas pessoas, as coisas seriam outras e a sorte, pequena. Tenho pensado, nos últimos dias, em como ele coloca uma luz, quando tudo parece não fazer sentido. Tenho aprendido muito. Tenho me enchido de luz. 

(Cris Carvalho)

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Corro o risco.


Podem dizer que os sonhos são ilusões, que a felicidade é apenas uma miragem e que as estrelas são apenas fantasias. Eu corro o risco pelas coisas que eu acredito e os outros aceitam a realidade que lhes convém, cada qual acredita naquilo que floresce seu interior. Enquanto falam eu rego meu jardim.

(L. Martins)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Viver é ser livre.


Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. Porque alguém disse e eu concordo, que o tempo cura, que a mágoa passa, que decepção não mata, e que a vida sempre, sempre continua.

(Simone de Beauvoir)

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Seres crepusculares.


Pôr do sol é metáfora poética, e se o sentimos assim é porque sua beleza triste mora em nosso próprio corpo. Somos seres crepusculares.

(Rubem Alves)

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O dom.


Deus disse: -  Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.

(Manoel de Barros) 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Abro mão.


A partir de agora, deixo a lógica para os matemáticos. A mim interessa a filosofia dos magos, dos bruxos. Essa coisa toda de universo, destino, de "o que tiver de ser será". 
Tenho fé que o caminho das estrelas é mais cheio de mistérios que o resultado de dois mais dois.
Chega de sentimentos calculados, conversas analisadas, de querer o que não posso ter. Além do mais, tem todo um charme não saber o por quê.
Que eu diga amém a todo instante que me surpreende, que me emudece, que me confunde. Que eu entenda cada vez menos. Abro mão, definitivamente, da monotonia da exatidão.

(Sabrina Davanzo)


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Não me julgue.


Não me julgue.
Venha, calce meus sapatos e caminhe com eles por 3 luas seguidas, assim saberá de mim mais do que imagina e não mais me julgará, pois conhecerá meu sentir e saberá do meu coração.
Falar de mim, diz mais sobre você do que sobre minha pessoa.
Abrigue-se em minha casa e conhecerá o acolhimento da minha alma. Aqueça-se no sagrado fogo que queima em meu lar, e saberá do amor que trago no coração.
Conheça a menina que habita em mim, e sentirá a alegria do meu ser. Respeite a anciã que me nutre, e certamente aprenderá sobre os mistérios que conheço. Perceba a mulher que pulsa, e poderás sentar à mesa comigo.

(Rose Kareemi Ponce)

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Sou da invencionática.


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.


(Manoel de Barros)