sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A amizade.


Talvez a amizade seja isso. A capacidade de nos darmos as mãos em que tempo for. A possibilidade de voltarmos a ser quem éramos no instante em que nossas histórias são recontadas de um jeito novo. A vontade de que o tempo não desfaça os laços nem desate os nós. A permanência de quem fomos no olhar de quem nos vê. A construção de um tipo de amor que não se desfaz com o sopro do tempo, mas se recompõe ao primeiro toque de acolhida. A vontade de estar junto, mesmo que isso custe horas de estrada e algum sacrifício.
Constatar que ainda somos os mesmos, apesar da bagagem adquirida por cada um, nos acalenta e fortalece para prosseguir. Pois descobrimos que amadurecemos, mas ainda conservamos algo em nós que permanece brilhando. Algo que não se perde nem com as ventanias nem com as tempestades. Algo que nos diz que estamos no caminho certo, apesar de vivermos histórias tão distintas.
É por isso que reencontrar amigos nos faz lembrar. Lembramos quem um dia fomos, lembramos a parte de nós que deixamos numa curva do caminho, lembramos aqueles que desejamos voltar a ser. Talvez saudosismo não seja a palavra exata para nomear esse tipo de sentimento. Acredito que "resgate" defina melhor essa sensação de querer buscar a porção de nós que nos lembra que a vida pode ser decodificada de uma forma mais simples e bonita. A porção de nós que reafirma e recorda que ainda somos os mesmos, apesar do tempo, em que tempo for. 

(Fabíola Simões) 
                                                             

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