Se você soubesse a quantidade de
coisas boas que eu sentia quando o seu cheiro e a sua mão estavam perto de mim.
Era como se o mundo lá fora fosse um mero expectador da nossa vida aqui dentro.
Lembra do nosso projeto de ontem? O agora. Viver - com tudo o que a gente podia
- a inteireza do instante. Eu serenava ao teu lado.
Se você soubesse o que acontecia
quando o seu sorriso olhava pra mim. Era como se todas as estrelas encontrassem
a mesma sintonia do brilho. Era como se todas elas resolvessem iluminar o nosso
caminho e abençoar essa "coisa" bonita que a gente sentia um pelo
outro. Sei, é que os momentos mais bonitos dessa passagem que uns chamam de
Vida e outros de Sobrevivência, era ao teu lado que eu estava. Sendo quem eu
gostaria.
Se você soubesse os territórios
que eu percorri, os excessos que eu enxuguei, as culpas que eu assumi. Se você
soubesse as tempestades que eu desdobrei, as manhãs nubladas e os finais de
tarde no mais profundo ócio que eu me encontrei. E me desconheci inteiramente
por isso: pelas fraquezas que passei a conhecer em mim e pela forma absurda que
você cresceu aqui dentro.
Se você soubesse os altos e
baixos que passei, o quanto eu mudei, o quanto eu cresci mais mulher com a tua
falta. Com as tuas ausências. Com os teus não-telefonemas, as tuas não-canções
de amor, as tuas não-mensagens. E de como isso foi essencial para que eu
chegasse aqui. Outra. Nova.
Se você soubesse o quanto eu
transbordei ao escrever essas linhas. Mas você nunca saberá.
(Bibiana Benites)
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