domingo, 8 de dezembro de 2013

As linhas do tempo.



Eu me aprendi muito nesse tempo até aqui. Aliás, eu venho me compreendendo melhor nesses últimos meses, dias, horas que correm. Venho me aceitando mais imperfeita, sem tanta cobrança, sem muitas expectativas para que as coisas apenas deem certo. Sempre certo. E a gente sabe muito bem que não é dessa forma que a vida funciona, e nem a gente funciona dessa forma dentro da vida.

A vida, moço, andou me testando radicalmente. Em todos os sentidos. O tempo me cobrou uma série de promessas que eu havia me feito, de atitudes que eu havia me imposto. As linhas do tempo não perdoam, realmente.

Tive que lidar com emoções interrompidas e superar isso em curto prazo, raso. Refleti melhor sobre algumas fugas que andei criando dentro de mim. Perfumei algumas lembranças com alecrim, na intenção de espantar toda e qualquer tristeza, caso alguma ainda estivesse. Eu quero é sentir o cheiro do Agora batendo na minha porta.

A solidão também esteve me fazendo companhia. Andei afastada do mundo e de certa forma de mim também. E eu precisava desse tempo longe. Me abstrair, experimentar meu estado, meu processo, minha inteireza nada convencional.

Eu precisava me libertar daquilo que timidamente destruía minha alma, minhas verdades, o riso que sempre me salvou, me abasteceu.

Quando percebi que eu não estava mais encontrando o caminho de volta, passei a remar ao meu favor de novo. Eu precisava de mim mais do que tudo, e não seria agora que eu teria a coragem de me abandonar. Seria uma covardia descomunal comigo.

Mesmo quando as promessas foram desfeitas, mesmo quando as palavras ditas passaram a ser frequentemente esquecidas, seria imperdoável. Mesmo que tantos valores estejam sendo substituídos pela cegueira humana que nos assombra, ainda que o ponto de vista das coisas esteja do avesso, reverso, verso a esperança de dias melhores.

O que me conforta é saber que hoje eu estou no lugar que eu escolhi, sendo quem eu sempre quis ser. E essa é a minha mais bonita forma de ser plural, a minha permissão de ser durante: (re)florescendo dia após dia.
(Bibiana Benites)

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