domingo, 27 de novembro de 2011

deveria.


Não desejo descobrir o que tocaste 
senão amarei muito mais 
do que se tivesse tocado.
Não me fales "gosto daquilo" que já estarei gostando junto.
Evite comentários.
Não me digas "vamos naquele restaurante" 
que será mais um lugar para te esperar.
Não inventes deitar na grama no domingo
 que o sol grudará nos dentes.
Não narres aos ouvidos da cama o que podemos sentir.
Não ponhas trilha no celular, não troques as almofadas, 
não escolhas as toalhas e os lençóis, 
controla essa mania de se espalhar por tudo, 
de botar teu cheiro por dentro de minha boca.
Não abras mais o leite sem romper o lacre, 
não deixes a gaveta entreaberta,
a torneira entreaberta, meu corpo entreaberto. 
Não reclames do que não fiz, 
que farei de novo para chamar tua atenção.
Não arrumes minha gravata, 
que me acostumarei a pedir conselhos. 
Não arrumes minha gola 
que o vento é mesmo enviesado.
Quero te conhecer menos 
para não sofrer depois tanto tua perda. 
Mas deveria ter dito isso antes.

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