A
doçura da moça transborda. Acostumada a ser de açúcar, derrete-se por tão
pouco. Carrega nas palavras a leveza que o mundo precisa. É com seu olhar de menina
dolorida que aprendeu a enfeitar-se de vida. Recolheu as esperas, soprou os
venenos pra longe e despiu-se da ingratidão alheia. Costurou o próprio mundo,
carregou bagagens e jamais se torturou por ser tão doce. Ergueu os ombros,
empinou o nariz para todas as fraquezas, sem questionar os porquês da vida, sem
vacilar, sem reclamar. Lutou contra a insônia, se desvencilhou do mau humor, pintou
o próprio céu nos olhos, desenhou nuvens na testa, se fez chuva, sol e alguma
miragem bonita. Se fez sonho, se fez real, apaixonada por palavras, inventou a própria estrada,
escreveu na lua, na rua e na parede da sala. Engoliu as mágoas e os desatinos
daqueles que sempre desacreditaram dela, bordou um riso bonito no rosto, sorriu
para o espelho e foi aliada do coração brincando de ser poesia.
(Ju
Fuzetto)
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