domingo, 24 de novembro de 2013

Estou indo.


Estou indo pra lua, pra rua ou pra qualquer lugar comum. 
Vou indo. Vou sair da casca, do quarto, de casa. Vou à hora certa. Então, estou indo mesmo para ver a primavera, o sol brilhar, a lua sumir, o céu acordar e o dia surgir sem mesmice.
Estou indo para a estrada, sem mais ninguém para cantarolar comigo. Não faz mal. Faz muito bem porque estou indo.
Estou indo sem carregar nos ombros nenhum arrependimento. Indo de mala e cuia para o próximo planeta mesmo que eu não passe da primeira esquina. Estou indo para os quatro cantos do mundo.
Estou indo sem medo, sem nada, sem nenhuma garantia de felicidade. Estou indo.
Sem trocadilhos, sem encomendar certezas, sem exigir saudade, eu estou indo.
Estou indo sem tapear o desejo, sem melancolia, sem roteiro, garrafa de café, bússola ou caixinha de remédios.
O que interessa é que estou indo sem estacionar na próxima parada. De malas prontas eu estou indo para fora de mim. Apressada, estou indo.
Estou indo experimentar o gosto dos imprevistos.

 (Ita Portugal)

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