domingo, 10 de novembro de 2013

De mim para longe.




Venho da noite. Dilato uma nova maneira de atravessar as bordas que não cicatrizam e não calam e deixam a ferida cada dia mais exposta. O nervo exposto. O peito exposto. Amor com sangue circulante – cansado, no entanto. Venho da noite, antiga e sem claridades. Rente à borbulha, mergulhada na efervescência das luas que ardem e despregam-se céu adentro, como se rompessem, como se desistissem, como se dormissem, eternas e derramadas. Saio da noite. De mim para longe. Do mundo para lugar qualquer - onde nada que respira lava da terra a tua ausência, nem diz por que ainda amanheces.
(Priscila Rôde)

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