terça-feira, 29 de abril de 2014

Espera para começar.


(...) Amores virão depois das paixões,
palavras certas sempre virão depois das erradas,
a resposta certa virá quando o ato errado foi cometido,
 televisões novas estragam e garantias são perda de tempo,
o telefonema mais esperado irá chegar
enquanto estamos tomando banho
 com o rádio no último volume,
as cartas não chegam, nem os e-mails,
nem a esperança, as taças caras quebram como
os copos de extrato de tomate,
 analfabetos ganham o país e
poemas de Alice Ruiz passam sem aclamação.
 Começar pode ser aos 17. Pode ser aos 30.
Pode ser aos 85.
Começar pode ser ao som de Marvin Gaye
ou no apaixonar de Chico.
Debaixo de uma mangueira,
debaixo de uma chuva torrencial.
Começar em Porto Alegre,
pousar em Curitiba, recomeçar na Avenida Paulista,
dormir no braços de Cristo e
"passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã,
 ouvindo o mar de Itapuã...".
 Começar é de repente perceber que já
se está na metade do caminho.
Começar é dar mais valor ao tempo
que temos e descobrir como é uma tortura
o tempo que não temos.
Começar é dar possibilidade de que
alguma coisa aconteça aqui ou em Amsterdã.
O beijo é o começo do amor.
O amor é o começo do plano.
O plano é o começo do caos.
O caos é o começo da família.
A família é o começo dos herdeiros.
Os herdeiros são o começo do futuro.
E o futuro já não é mais
tão perto e nem tão para a gente.
O futuro, aparentemente é o fim que nos espera.
Espera para começar.

 (Cáh Morandi)


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