Rapte-me,
leve-me para algum lugar fora de mim. Pode ser a lua, o tártaro, cidades
invisíveis, qualquer espaço depois do mapa. É preciso ter tanto e sempre para
sonhar além dessas águas plúmbeas, para não se afogar diariamente no breu que
meus olhos cavam na luz. Pois se repito infinitamente que tenho amor, pois se
me comovo com crianças que tremem, pois se não tenho fome de nada e me flagelos
pelas fomes alheias, o que falta para dar a exata medida de minha existência?
(Tiago Fabris Rendelli)
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