Sentava-se
na varanda diariamente, num ritual marcado, para conversar com seus sonhos. Ao
longe as pessoas podiam vê-lo dialogando sozinho e o pensavam louco.
Certeiramente, claro. No entanto, sentia-se feliz por saber que dentro de sua
loucura existia um manto de lucidez brilhante.
Tinha
uma beleza extraordinária: era tão deslumbrante que se via deformado, como se o
belo em demasia também fosse a própria feiura. E talvez fosse.
Falando
consigo mesmo, jorrava de sua boca toda a ternura que era incapaz de lançar ao
mundo. Ficou conhecido como o rapaz dos fantasmas. Durante muitos anos foi
visto na mesma varanda, repetindo frases inteligíveis e cheias de amor.
Até
que tudo terminou disfarçado de tristeza no silêncio que o vestiu.
(Tiago Fabris
Rendelli)
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