domingo, 23 de junho de 2013

Sou o que não sei.



Eu sou o que ainda não foi escrito por falta de inspiração. Sou o que não está nas entrelinhas. Sou uma verdade dolorida. O próximo texto. A música antiga. A solidão merecida. O atropelo das palavras. O que não entendi. Sou as respostas sem nenhuma pergunta. As longas explicações para coisas tolas. A imaginação que voa longe e chega a lugares escuros. Sou a conclusão do que ninguém disse. O congestionamento de pensamentos e ideias. O papo longo sobre coisas banais. Sou a pessoa que fica encucada com o fim do mundo, a morte e as perdas. As conclusões apressadas. As emoções urgentes. O choro na madrugada. 
O velho álbum de lembranças. Os e-mails guardados. A insistente melancolia do que foi e não volta. A vontade de que tudo aconteça. A impaciência para as esperas. As preocupações sem motivo. A escrita desaforada. A reclamação sem pensar. A preguiça na hora errada. A lista de coisas por fazer. Sou tanta coisa e ausência de outras. Sou a metade da missa, um terço do rosário. Um décimo da promessa. Sou o que não sei e só espero que quando eu descobrir, dê tempo de contar, de melhorar, de viver. 


(Ita Portugal)

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