quinta-feira, 18 de abril de 2013

Tropece, balance, mas não caia.


Senta e chora, moça, usaram tua história, teu riso e teus rabiscos. Criaram príncipes, poesias e uma simetria fora do comum. Deram vida, sonhos e pesadelos, ergueram os holofotes e tudo foi proclamado sem pensar. Penso que é coisa de quem nunca sentiu, nunca escorregou numa casca de banana e caiu, mas pode apostar, linda, continue loira e impecável na sua postura de mulher fina. O mundo cairá, enquanto a gente toma um suco de morango com empada de palmito na padoca. Os incrédulos beberão do amargo da mentira, terão que se afogar numas besteiras e outras, não terão sorte no amor, nem nos jogos. Não é praga, nem despeito, eu sei, moça, que ninguém mais acreditará como um dia a gente acreditou. 



Tropece, balance, mas não caia. Desmonte as coisas que não foram moldadas para você. Desfaça os nós por entre as linhas invisíveis do tempo. Se acomode na poltrona do infinito, viaje enquanto há tempo. Encontre-se consigo no cubículo da alma, se esparrame por dentro, aumente o volume dos bons pensamentos, usufrua do que te faz melhor, mais íntegro, inteiro, sem esbarrar na covardia de viver pelos cantos, ao meio, incrédulo.

 (Ju Fuzetto)

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