Não gosto muito de quem mostra
ser o que não é. Mesmo porque uma hora a cortina fecha. Uma hora o show
termina. E a gente tem que fazer malabarismo para manter a pose, para não errar
o tom. É difícil viver o tempo todo nessa corda bamba. Eu não consigo. Deve ser
por isso que as pessoas gostam ou não gostam de mim. Nunca vi alguém dizer que
gosta de mim mais ou menos. Ou eu agrado ou incomodo as pessoas com meu jeito.
É que meu jeito é bem diferente. Se eu gosto fica carimbado na minha cara. E se
eu não gosto fica estampado no meu rosto e na minha cara de nojinho. Não sei
forçar uma cara boa. Quem convive comigo sabe direitinho quando tem algo
entalado na minha garganta. Já quem não me conhece jamais desconfia. É que,
apesar de verdadeira, sou irônica. Tento rir das coisas, de mim, das minhas
mancadas. Tiro onda da minha própria cara. E olha que me dou sérios motivos
para isso. Acho que está faltando um pouco de verdade nesse mundo. Falta fé.
Falta você acreditar que pode agradar o outro sendo quem é. Sem ter que fazer
mágica, já que a mágica está em poder viver bem consigo mesmo. E só.
(Clarissa Corrêa)
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