"A tua solidão é tão vasta quanto
a minha. Confessa. Tuas noites são povoadas por saudades. E memórias. Tu também
olhas pela janela nas altas madrugadas desejando um amor. Em segredo. Tu também
te perdes, caminhos errados, pessoas estranhas – o santo não bate,
lembra?
Ninguém desconfia das tuas angústias.
Nem mesmo eu. E então, com meia dúzia de palavras bonitas, mas difíceis,
tu te desnudas. Sem querer?
Não te imagino intencional. És um
aviãozinho de papel a vagar pelos ventos sem rumo. Engana-te se achas que é
possível ser terrivelmente feliz nestes esconderijos. Abre-te para os encantos.
É lá que moram os olhares encontrados, a pele arrepiada,o pé que encosta no
outro sem aviso. As mãos dadas. Tu me encantas. Longe, perto, sem
saber..."
(Paula Pfeifer)
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