Preciso
tomar ar, fingir que sou normal e tenho um profundo interesse pelas pessoas e
acontecimentos culturais e todas essas estonteantes possibilidades
urbanas. Voltei ao homeopata, me deu os mesmos remédios, porém em doses mais
fortes. Ele me recomenda que fique “mais feliz”. Não ensina como, claro.
Minha relação com a senhora
dona vida, de muitos anos para cá, tem sido frontal, direta e solitária. Então tenho que ser forte,
tenho que me exercitar em autocontrole. Claro que me pergunto pra-quê? — e
claro que não tenho resposta.
Talvez
seja sina, essa de escrever, e então ter as respostas da vida real na vida
recriada, nunca na própria vida real — como as pessoas que não criam costumam
ter. E deve estar certo assim, deve haver uma ordem e um sentido
nisso.
Ando
digamos que feliz, mas tão só e às vezes um pouco frágil.
(Caio Fernando Abreu)
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