Não se sinta mal por
eu ficar doze horas do meu dia olhando um ponto invisível na parede. Ou por eu
gemer de leve quando chega a hora de eu acordar. (...) Ou por eu segurar os instantes
quando afundo na água, em segundos dramáticos de desistência. Ou por eu ter
sempre moleiras de lágrimas iluminando meus olhos. Eu gosto disso. Eu gosto de
caminhar soberba e dura e pesada e arrastada e arranhada e retesada e
ensanguentada pelas ruas. Eu gosto de ser um escombro perambulando entre todos
que não estão apaixonados por você e, só por isso, são inferiores a mim. E de
ver o vazio, o normal, o médio, as pessoas, e me sentir mais alta. Ou baixa.
Mas sempre de outro lugar. Eu gosto do coração barrigudo e disso me fazer
imensa e cheia de você. Implodida de você e sentindo as dores e as fumaças de
andares que desabam quando você diz que agora só amanhã ou depois de amanhã (...).
(Tati
Bernardi)
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