sexta-feira, 1 de junho de 2012

olha-me de novo.

 
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
 Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
 E era como se a água 
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
 E deslizando apenas, nem tocar a margem.
 Te olhei. E há tanto tempo
 Entendo que sou terra. Há tanto tempo
 Espero
 Que o teu corpo de água mais fraterno
 Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
 Olha-me de novo. Com menos altivez.
 E mais atento.

(Hilda Hilst)

                     

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