Quando
juntei pedaços de mim que ficaram expostos ao sol, aprendi que tudo o que vai,
deixa de ser por alguma razão. Eu mesma, deixei de ser outras tantas vezes,
quando apenas queria ser. O que guardei comigo, era preciso que ficasse. Ah! E
ficaram, ficou tanto de ti. Foram tantos que criaram raiz, que caminharam junto
comigo, que me foram (e são) caros.
Ouço a
pressa com que os ponteiros se movimentam. Os segundos tornam-se minutos numa
rapidez, rispidez, sem dó alguma de mim, de nós, dos nós que nasceram
junto conosco. Os minutos fazem-se horas como num passar de mágicas. Numa
tentativa de resgatar o tempo, eu contrario a órbita do mundo. Fecho
os olhos, respiro fundo, me transformo em flor, recupero o fôlego, brotam
pétalas, reinvento-me.
Volto inteira, volto juntando os cacos que ficaram, jardins floresceram naquele lugar.
Num gesto
de delicadeza e entrega, tua mão vem ao encontro da minha, e se estende um
laço, acontece a troca, energias que se formam uma. Tua presença traduz
sensação de bem-querer, aconchego, lugar bom de morar. Entre braços e abraços,
te encontro ao meu lado. Entre carinhos e afetos você se manifesta pra
mim. Entre palavras e canções,
você é melodia bonita.
Que a
nossa alma respeite o tempo, o mesmo do início, das conversas longas e
primaveris. Da doçura do encontro, do afeto, dessa 'coisa boa' que paira no ar,
no mar, na sala, no quarto, na cozinha, nos sorrisos desprendidos, no
entendimento, por vezes mal entendido.
Que o
nosso caminhar possa desenroscar os nós, e que, se o vir-a-ser deseja ser (com
redundância), comece desde já a tecer o inesperado tão esperado. Que você entenda meus silêncios, meus
momentos, essa peregrinação, busca, encontro de mim.
Respiro
fundo - mais uma vez - solto o verbo, a voz, dou vez ao sentir, perfume de
dentro que se expõe. Que coisas boas cheguem a mim, a ti, e que juntos
saibamos bordar nossas almas
naquele instante, tecido do tempo. Que o cafuné, as rimas de Amor e
os versos prontos, tão inusitados como se fossem, percebam que a delicadeza não
está apenas na nudez dos corpos, quando nús se reconhecem, mas no coração, que
reveste vontade bonita de crescer, de estar ali, lúcido, florido, exatamente
como ele deve ser.
Que o compasso do meu passo encontre o
teu andar, e que este propicie o encontro dos dois.
(Bibiana
Benites)