domingo, 29 de novembro de 2015

Era como me fazia tão feliz.


Era como ele me fazia rir
não o riso, mas era como
ele me afundava as mãos
e me torturava de cócegas
nunca foram as gargalhadas
era essa maneira única em
que ele me tirava todo ar
e me matava por um triz
era como me fazia tão feliz
antes e depois de um sorriso.

(Cáh Morandi)

Não sofra mais.


Hoje amanheci tão bem! Como se durante a noite tivesse vindo uma fada, uma dessas fadas das histórias antigas, fadinha boa com sua varinha de condão, não sofra mais querida, disse tocando com a varinha a minha cabeça, não sofra mais, ficou repetindo, e nessa hora acordei e me senti diferente.

(Lygia Fagundes Telles)

Siga a sua natureza.


Veja o falso como falso,
o verdadeiro como verdadeiro.
Olhe para o seu coração.
Siga a sua natureza.

(Buda)

Deixe que se vá.


Se algo estiver ao seu alcance... desfrute.
Quando se for... deixe que se vá
com o coração cheio de gratidão.

(Osho) 

sábado, 28 de novembro de 2015

O riso.


É preciso se apaixonar pelo riso do outro antes de namorar.
É preciso se apaixonar pela gargalhada antes do romance.
O riso é a brisa farfalhante do rosto. O sopro benfazejo. O recreio das linhas faciais.
É preciso se apaixonar pelo jeito que a pessoa sorri para as fotos, pelo modo como sorri de canto, de boca inteira, flertando o infinito.
Mais do que gostar do corpo ou do olhar, deliciar-se com o riso, maravilhar-se com o riso. O amor não vive em cinema mudo. O amor não vive de legendas. O riso é Espírito Santo: fala todas as línguas.
Não há como se envolver sem admirar o som do contentamento de nossa companhia, o timbre por detrás da risada. O riso é decisivo. Não pode ser melhor do que a piada, nem reprimido como um resmungo.
Não pode ser histérico, muito menos desafinado.
Assim como não se ri olhando para o chão, o riso é o reverso do choro, altivo, otimista, levanta o queixo, bebemos o ar no gargalo do céu.
O riso é a música que cada um traz da orquestra de seu pulmão, desde quando fugia das cócegas de bebê, desde quando se escondia em pilares para receber o susto dos adultos.
O riso é a voz mais pura, determina como gememos ou sussurramos.
Cada um ri como um instrumento. Meu riso é do tambor. Rufadas de risos. Rio alto. Há também o riso safado de tamborim, o riso sensual do saxofone, o riso sério do trompete, o riso lânguido do violoncelo, o riso triste do violino. Nunca se fez um coral de risos, mas que bonito seria compor agudos e graves somente de sorrisos.
Ame o riso do seu amor, para ter vontade de fazê-lo feliz. Do contrário, fará de tudo para que seu par seja triste.

(Fabricio Carpinejar) 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Gratidão.


Que minha gratidão seja maior que meu ressentimento diante das adversidades. Que meu espírito saiba reconhecer os presentes por trás da rotina, e que na correria do dia a dia eu ainda possa me encantar diante dos pequenos gestos. Que eu esteja grato desde o primeiro espreguiçar da manhã, e que possa entender os desfechos do meu dia com serenidade ao cerrar os olhos. Que o meu semblante carregue não somente o pesar pelos infortúnios diários, mas que encontre motivos para sorrir ao primeiro vestígio de benevolência e paz. Que haja fé, apesar das tempestades. Que haja serenidade, apesar das turbulências. Que haja gentileza, apesar dos tropeços. E que permaneça a gratidão, sempre e em todo lugar.

O Universo devolve o que recebe. E ao demonstrar gratidão, um recado de amorosidade é enviado. Um reconhecimento pelas colheitas nos campos e em nossas vidas.
Que nenhuma penumbra impeça nosso espírito de se sentir acolhido e abraçado.



Talvez a gratidão seja um sentimento que necessita ser exercitado. E praticá-lo requer analisar nossa colheita diária buscando algo que possa ser devolvido com carinho ao Universo. Mesmo um dia puxado, carregado de dúvidas e frustrações tem sua parcela de bençãos. E a gente tem que se esforçar para tirar aquela gotinha de gratidão num mar salgado de inquietação.

Esta noite não haverá uma ceia onde nos daremos as mãos e agradeceremos juntos as bençãos em nossas vidas. Mas poderemos sim, no silêncio de nosso quarto, lembrar com gratidão o que temos de fato. O teto sobre nossas cabeças, a saúde que nos possibilita estar de pé, nossas amizades, a oportunidade de estudar ou trabalhar, nossa capacidade de amar, os pequenos trunfos que acontecem diariamente, as conquistas que nos fazem sorrir e enchem nosso peito de alegria.
Nem sempre haverá um circo dentro da gente. A maioria dos dias não tem banda animada nem soldadinhos marchando alegremente. Mas ainda assim, é possível agradecer pelo dom de ter um espírito livre, que nos garante uma boa safra no fim do dia. Dormir em paz, sabendo que nosso rio flui sem grandes desvios, é um milagre. E milagres têm que ser celebrados. Reconhecidos também. Que a gente possa reconhecer nossas dádivas, presentes miúdos que garantem a construção de nossa existência. E que cada dia arrecade a sua porção de fé e gratidão... Amém.

(Fabíola Simões) 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O que nos imortaliza.


Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória de quem amou a gente.

(Martha Medeiros) 

Tenho tudo, então.


(...) Toda minha riqueza está em meu coração. Toma! É teu meu abraço, olfato e tato, aconchegue-se em meu peito, esqueça o pronome, preencha o sujeito: somos extensão. 
Eu me tenho, nós nos temos. Tenho tudo, então. 

(Marla de Queiroz) 

domingo, 15 de novembro de 2015

Sou tudo que posso.


Sou uma cabeça dura de coração mole. A razão perde feio para o que sinto. Finjo que preciso dela, mas acabo sempre consultando a minha intuição. É mais forte do que eu, é ponto fraco. 
Meu jeito de perceber é com as sensações. Não ouço, absorvo. Não falo, me mostro. Existe muito de mim no que demonstro. O que digo consulta antes o que pressinto até decidir tomar forma.
No final, posso não ter razão, mas sou tudo que posso - e só posso se tiver coração no meio.
(Fernanda Gaona)

O mundo é só espelho.


Quem cultiva esperança colhe felicidade. 
A paz começa dentro, o mundo é só espelho.

(Vitor Ávila)

Gente fina, elegante e sincera.


Gente fina, é aquela que é tão especial, que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto.
Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados:
sabe transgredir, sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana.
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.
Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas. "Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera".
O que mais se pode querer? Gente fina, não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz toda a diferença. 

(Martha Medeiros) 





O que é o amor?


Amor, o que é o amor? Não creio que se possa realmente pôr em palavras. Amor é entender alguém, se importar, compartilhar as alegrias e tristezas. Isso pode incluir o amor físico. Você compartilha alguma coisa, dá alguma coisa e recebe algo em troca, seja ou não casada, tenha ou não um filho. Perder a virtude não importa, desde que você saiba que, enquanto viver, terá ao lado alguém que a compreenda e que não precisa ser dividido com ninguém mais! 

(Anne Frank) 

sábado, 7 de novembro de 2015

Que todo mundo tenha.


Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio comprido do tempo.


 (Briza Mulatinho)

Sentir as coisas.



Quero a delícia de poder sentir as coisas
cada dia mais simples.

(Manuel Bandeira)

Ainda somos os mesmos.


O bom da vida é essa capacidade de dar uma trégua quando o curso de nosso rio caminha turbulento, e descobrir que ainda somos os mesmos, apesar das ranhuras, faltas e falhas.

(Fabíola Simões)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A amizade.


Talvez a amizade seja isso. A capacidade de nos darmos as mãos em que tempo for. A possibilidade de voltarmos a ser quem éramos no instante em que nossas histórias são recontadas de um jeito novo. A vontade de que o tempo não desfaça os laços nem desate os nós. A permanência de quem fomos no olhar de quem nos vê. A construção de um tipo de amor que não se desfaz com o sopro do tempo, mas se recompõe ao primeiro toque de acolhida. A vontade de estar junto, mesmo que isso custe horas de estrada e algum sacrifício.
Constatar que ainda somos os mesmos, apesar da bagagem adquirida por cada um, nos acalenta e fortalece para prosseguir. Pois descobrimos que amadurecemos, mas ainda conservamos algo em nós que permanece brilhando. Algo que não se perde nem com as ventanias nem com as tempestades. Algo que nos diz que estamos no caminho certo, apesar de vivermos histórias tão distintas.
É por isso que reencontrar amigos nos faz lembrar. Lembramos quem um dia fomos, lembramos a parte de nós que deixamos numa curva do caminho, lembramos aqueles que desejamos voltar a ser. Talvez saudosismo não seja a palavra exata para nomear esse tipo de sentimento. Acredito que "resgate" defina melhor essa sensação de querer buscar a porção de nós que nos lembra que a vida pode ser decodificada de uma forma mais simples e bonita. A porção de nós que reafirma e recorda que ainda somos os mesmos, apesar do tempo, em que tempo for. 

(Fabíola Simões)