O momento é de silêncio,
reclusão, as horas se arrastam, um dia parecem mil anos. Vamos compartilhando
da frenética vontade de fazer acontecer, custe o que custar, doa a quem doer. E
sempre dói. Em cada segundo que antecede o minuto presente, em cada batida do
ponteiro rumo ao mês seguinte. E vamos mastigando os dias, roendo as unhas,
podando as impossibilidades. Sabemos que sempre existe a hora exata, daqui a
pouco chega. E não chega nunca. Por mais que a gente se apresse ao ligar os botões do cérebro no modo turbo, o tempo corre
sem que possamos planejar muita coisa. A hora é agora, é necessário ceder,
adequar-se, esperar que algo se realize é cômodo demais. Buscamos a realização
pessoal, o exito material e amoroso e sempre esquecemos de manusear as esperas
a nosso favor. Esperar não significa parar de lutar, mas usar esse tempo para
alargar-se, para entender qual seria a escolha certa e, só assim, seremos
ungidos por algum resquício de devoção quanto as demoras. A verdade é que
nossas esperas estão guardadas num bolso furado, daquele jeans surrado e nunca
dá tempo de costurar, nem tatear a danada, ela se esvai como tantas outras
oportunidades que a gente perde por medo de ceder.
(Ju Fuzetto)
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