sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Expectativas.


Não nasci para ser adequada, coerente, adorável. Nasci para ser gente. Para sentir de verdade. Tenho vocação para transparências e não preciso ser interessante o tempo todo. Por isso, não espere que eu supere as suas expectativas: às vezes, nem eu supero as minhas.

(Marla de Queiroz)

Conectados pela alma.


Alguém aí já sentiu na pele um amor que começa sem paixão?
Quando a gente não conhece uma pessoa, e sim, a reconhece?
Quando acontece uma identificação imediata, uma afinidade sem explicações...
Alguém aí já viveu ou sentiu algo assim, com reciprocidade?
Você encontra alguém da forma mais inusitada possível e sente que aquela pessoa já faz parte da sua vida há muito tempo.
Mas como, se em tese, você mal a conhece?
Você ouve a voz dela e é como um bálsamo para seus ouvidos.
Você ouve a voz dele e não tem vontade de desligar.
Se ele demora para aparecer, você fica preocupada, aflita.
Se ela some, você a procura, sente falta, quer notícias.
Sentem um carinho sem medidas, um amor que pede presença, mesmo que distante.
Estão conectados pela alma, de uma forma como nunca aconteceu antes.
Mas eles sabem que não vieram ao mundo para ficarem juntos.
Eles sabem que não podem, que não devem, que estão em épocas diferentes, separados pelo destino de forma talvez, proposital.
E mesmo tendo essa consciência ainda se amam, de verdade.
Alguém aí entende um amor que começa sem paixão?
A paixão cega, desnorteia, sufoca, oprime e quer posse.
Esse tipo de amor não quer e nem precisa de nada disso.
Ele tem paz, tem serenidade, tem desapego, tem saudade.
Você pensa em algo e ela já está escrevendo, exatamente o que você pensou.
Você pensa nela e ela te chama, no mesmo instante.
Poderiam ser irmãos, amigos ou amantes.
Poderiam, mas o destino não quis.
E neste caso não vale o livre-arbítrio.
Eles se reconheceram na distância e assim permanecerão.
Talvez em outra vida eles possam se encontrar de novo e transformar este amor.

Talvez eles possam até, quem sabe, viver esse amor?

(Dulce Miller)

Sensíveis aos sinais.


Gosto de acreditar que nada acontece por acaso. Principalmente que pessoas não entram na nossa vida sem propósito, elas chegam para nos ensinar ou para que a gente as ensine algo. Que sejamos sensíveis aos sinais.
(Scheila Azevedo)

Ela.


Só sei que ela escreve sobre silêncios e fala sobre barulhos. Sente além do sentir, ama pra além mar, ri e chora demasiadamente. Ela é o maior drama. Se faz de forte e, quando a dor aperta, se encolhe na cama. É criança que corre na chuva, é moça que recita sonhos e vive se fantasiando de imortal. Engole percalços, se atrapalha com números e se sai tão bem quando se explica com o coração. É guerra no meio da calmaria. É grito quando a alma cala. Ela é um verbo que não conjuga o futuro, um palavrão que desnuda a mente, semente a germinar na seca. Ela é estupidamente amada por todos, é protegida, emana energia, é luz que breca qualquer escuridão. É aquela que te deixa sem jeito, sem ar. É ela, que brinca de ventania e, volta e meia, te prende numa fé que nunca se desfaz.

(Ju Fuzetto)

Carta para alguém.




Oi, tudo bom?
Infelizmente, esta carta não é de quem você esperava. Mas, como eu sei direitinho como você se sente, talvez traga boas notícias.
Olha, desculpa minha sinceridade, mas a vida é muito curta para ficar aguardando pelos outros. Se quem você aguarda realmente se importasse com você, já teria dado algum sinal de vida.
Parta para outra.
Já reparou numa certa pessoa que você conhece e tem uma quedinha por você? Não posso dizer quem é, mas pode ser alguém que trabalha do seu lado ou que mora perto da sua casa ou que frequenta um mesmo lugar.
Sei que se trata de uma pessoa bem legal, vale a pena procurar saber quem é.
Fique de olho, tem um monte de gente reparando em suas qualidades. Aposto que, se você olhar em volta, neste instante, tem alguém olhando disfarçadamente para você.
Pode não ser o seu tipo, mas já é uma dose de auto-estima, substância da qual você carece.
A verdade é que, enquanto você estiver assim, nessa interminável agonia, esperando notícias que nunca chegam, vai deixar passar várias possibilidades interessantes ao seu redor.
Claro, ninguém se compara a quem você aguarda, mas quem você aguarda não está disponível no momento. Poderá, inclusive, nunca estar, apesar de tudo o que foi dito naquele dia.
- Pessoas que somem não são confiáveis. -
E, mesmo que você tenha certeza absoluta de que não se trata de desprezo, que deve ter acontecido alguma coisa, que esse sumiço tem alguma explicação, não adianta nada você ficar aí esperando.
Corroer-se de ansiedade não vai apressar a resolução do problema, seja ele qual for.
Então, desencana.
Dá uma esquecida desse assunto, tenta focar as energias naquilo que depende da sua vontade.
Caso seja necessário, para tirar de vez essa história da cabeça, mande você uma carta esculhambando e colocando um ponto final na questão.
O fato é que não dá para você continuar assim, desse jeito. Está todo mundo comentando. Ninguém tem coragem de dizer isso para você, mas todos concordam comigo.
Já chega!
Além do mais, se for para ser, será.
Um dia, quando você menos espera, pinta um reencontro, sei lá. Mas até esse possível reencontro fica mais difícil se você não se abrir de novo para o lado inesperado da vida.
E, cá entre nós, se a pessoa que você aguarda é quem eu estou pensando, também não é nenhuma belezura assim. Você arruma coisa muito melhor!

(Do livro 'Carta para alguém bem perto' - Fernanda Young)

Ela é perfeita, mas não sabe.


Geralmente, eu chego em casa cansado. Jogo minhas roupas pelo chão do quarto e sento no sofá com aquela cara de acabado. Ela chega, me grita atenção e fala como uma doida de como foi seu dia. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como um menininho ouvindo uma história de uma heroína que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto.
Ela me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nela também. Ela trabalha, estuda, inova em seu visual, malha, prepara a comida e ainda arruma tempo para me amar e me pedir para levá-la ao cinema. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ela. E, hoje, ela é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei quase duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-la. Hoje, ele me acha lindo de moletom ou suado após o futebol.
Ela me espera. Ela fica ansiosa para me ver e me liga só para dizer que está com saudades. Ela diz que ama e que morre de tesão por mim. Ela me faz carinhos e arranhões que nunca tive e me beija o corpo inteiro. Quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder.
Ela é perfeita, mas não sabe.
O meu lado possessivo até acha isso bom porque no dia que ela perceber que ela é dez mil vezes melhor do que qualquer mulher nesse mundo, vai querer outro cara dez mil vezes melhor do que eu.
E há vários caras perfeitos por aí.
Mas não sei como, ela se encantou por minha barba mal feita, por minhas piadas sem graça e por meus olhos cansados.
Bendita a sorte a minha.
Até hoje, não sei o que falei para ter roubado a atenção dela. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. Trato-a como uma rainha tendo a certeza de que não sou merecedor de um lugar em teu altar. Mas me esforço tanto que ela acha graça até das minhas imperfeições.
Você já parou para pensar na sorte que tem em ser o sonho da mulher dos seus sonhos?
(Hugo Rodrigues)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Reabilite.


Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem
E não ser meu mal
Reabilite o meu coração...


( Vanessa da Mata)

Voltei.

(...) Preciso começar do zero. Combinei comigo que vou escrever sobre outras coisas e não mais sobre essa única coisa sobre a qual escrevo. Veja você que estava eu com um cara até ele ler meus textos. Veja você que depois eu estava com outro cara até ele também ler meus textos.
Voltei. Talvez, para ficar.

(Tati Bernardi)

Sou tudo e nada.


Tenho dilemas difíceis, amparados por contradições. Tenho vontades incompatíveis com a realidade. Sigo, ora assim, ora assado, ora insuportável. Sou um mar. De lama. De espumas. De dramas. De lágrimas. De fama. De fogo. De chamas. Acertos concretos. Abstratos poéticos. Ajustes imperfeitos. Promessas não cumpridas. Escuros apropriados para noite sonolentas. Sou o que se encanta com teu amor. Sou ontem lembrada. Hoje decidida. Sou tudo e nada.

(Ita Portugal)

Serena.

Observe-se mais! Quanta coisa a gente vai descobrindo só por se observar. 
(Damaris Ester Dalmas)
Para as águas eu vou entregando os encantos das minhas descobertas e com calma vou ficando mais serena. 
(Denise Portes)

A minha história.


 A minha história ainda será uma das mais bonitas, e não importa o deserto que passo agora. 
Um dia não terei mais sede. 

(Cáh Morandi)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O que importa.

Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma vida. O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida. Lembra que o que importa é tudo que semeares, colherás. Por isso, marca a tua passagem. Deixa algo de ti, do teu minuto, da tua hora, do teu dia, da tua vida.

(Mário Quintana)


A verdade é miúda e no instante seguinte desenha caminhos, desvenda mistérios, enxerga horizontes. A pequena verdade passa o rascunho a limpo e faz uma dedicatória proposital a tudo que é lúcido.

(Ita Portugal)

Talvez seja você.


E então você apareceu me dando boa noite, se preocupando com a minha vida de verdade, sendo gentil, carinhoso, cavalheiro, divertido, educado... e eu percebi que existe muito em mim ainda. Que mereço muito ainda. Que (realmente) eu posso amar alguém ainda. Talvez seja você. A vida vai dizer. De qualquer forma: obrigada por me fazer dormir sorrindo.


(Clarissa Corrêa)

Nunca me esqueço.


Mesmo assim, com todas as antigas juras de te-esqueci, hoje bateu uma saudade daquela sensação gostosa que eu tinha ao teu lado e achava que o mundo inteiro acabava em teu colo-universo. Sorri, meio boba e amarelada, quando uma amiga tua me contou do teu emprego novo e do nome que deu ao labrador. Zé. Onde já se viu chamar um cachorro de Zé? 

Mas tudo bem, você nunca foi bom em nomear as coisas. 
Nunca me esqueço quando me nomeou amor-eterno e depois mudou de mundo.

(Hugo Rodrigues)

Oração Apache.


Que o sol possa lhe trazer nova energia a cada dia.
Que a lua suavemente lhe restaure durante a noite.
Que a chuva lave as suas preocupações.
Que a brisa sempre sopre uma nova força em seu ser.
Que você possa caminhar suavemente através do mundo 
e saber de sua beleza todos os dias da sua vida.


(Oração Apache)


Amo os mistérios.


Converso com meus pensamentos.
Descubro que eu posso brincar do que eu gosto.
Amo os mistérios escritos nas entrelinhas.


(Denise Portes)

Deus – segundo Baruch Spinoza.


Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: -“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí, é onde eu vivo e aí, expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar por tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho…, não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir.Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.

Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a única coisa que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre.Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse, como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado a oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste?… O que aprendeste?…

Pára de crer em mim- crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes especial, apreciado?… Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro… Aí é que estou, batendo dentro de ti.

(Baruch Spinoza)


As sábias palavras são de Baruch Spinoza – nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Acredite, essas palavras foram ditas em plenos século XVII. Continuam verdadeiras e atuais até hoje.

Texto retirado do blog "O mundo de Gaya"

Renovando meus gostos.


De início (ou até antes de começar de fato, eu costumo começar as coisas antes delas), todas as pessoas que me apaixonei eram tudo que eu procurava em alguém. Desde os brincos pequenos, passando pela unhas nuas e pelas maquiagens sutis. Sem falar do humor desgraçado, das ironias divertidas, do deboche clássico feminino, do sexo sem pudor e dos palavrões implicantes.

Depois de algum tempo - que até agora varia entre oito meses e dois anos e dez meses - elas se tornaram tudo que eu queria esquecer.

Passo quase uma vida inteira renovando meus gostos."


(Hugo Rodrigues)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A sabedoria do vaga-lume.

A vida tão bonita sorri pra mim. No meu quarto, um vaga-lume dança na escuridão da noite, naquele momento percebo que apesar dos problemas, das incertezas da vida ainda existe luz para iluminar a tristeza da alma. A vida que há muito não sorria pra mim, me mostrou que não preciso de muito para estar em harmonia com ela. Aquele vaga-lume me ensinou a sobreviver, que mesmo na escuridão precisamos acender nosso brilho, aquele que guardamos no fundo da alma, que nos faz ver o mundo de uma forma mais leve e incompreensível. Somos viajantes de uma estrada desconhecida e sem pouso certo. Entender isso, já nos faz compreender nosso tamanho frente ao mundo e as coisas da vida.
(Rayana Krambeck)