quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Amnésia.


Faço o tipo distraída. Atenta ao todo e desfocada de tudo. Perdida em pensamentos, divagações, viagens interiores. Do tipo que esquece a bolsa quando encontra as chaves. Atrasada, sempre correndo, sempre esquecendo. Distraída do tempo, de rostos e nomes.
Mas nunca tinha ocorrido esquecer-me de mim. Amnésia mesmo. Olhar para o espelho e perguntar quem é aquela que sorri sem jeito e diz "muito prazer". Acordar e não saber que vida é aquela, ter a sensação de estar vivendo a vida de outra pessoa, não a minha.
Aconteceu comigo. Parece loucura porque não sofri nenhum acidente, não bati a cabeça nem tive traumatismo craniano. Mas de vez em quando a vida dá um "presta atenção" na gente. E eu precisei levar duas bofetadas para acordar. Um nocaute para estacionar.
Acordei com amnésia querendo saber como vim parar aqui, que pedaço de mim fez essa viagem e que parte ficou lá atrás, sem coragem de engatar a primeira marcha. Naquele dia acordei com saudade daquela que não fez as malas, da menina que parou no tempo e tinha muitas coisas para me contar porque segui a estrada distraída e ela esteve a me observar, sabia dos meus erros, entendia minhas fraquezas, foi espectadora da minha jornada.
Acordei sem identidade e quis me encontrar com aquela que sempre soube o que queria, com a parte de mim que tinha um olhar mais adocicado perante a vida.
Como no filme "A Dona da História" em que a Carolina de meia idade encontra-se com a Carolina de dezoito anos e se pergunta como teria sido a vida se tivesse feito outras escolhas, investiguei meu passado pra entender o presente. Revi fotos, reli cartas, mergulhei em diários. Voltei a escrever, reencontrei amigos, assisti a videos. Pouco a pouco a memória foi voltando, a comunicação se restabelecendo, o branco dando lugar ao entendimento.
Então uma noite recebi uma visitante ilustre. Era a menina dos diários. Passamos a noite revendo histórias, compreendendo as escolhas, aceitando os caminhos. No fim, me encarou com ternura afirmando que fiz a escolha certa, que estou no lugar que sempre desejei estar_ apesar dos conflitos, dúvidas e mágoas.
"Isso faz parte da vida"_ ela disse, e acrescentou: "Apesar de tudo, essa é a melhor versão da sua história"...
"E pode ser uma benção se você compreender que não é porque o caminho está difícil que ele está errado..."
No dia seguinte a memória voltou e tratei de ser feliz...


(Fabíola Simões, blog A Soma de todos os Afetos)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pra ele.

Há criaturas cujo destino é se conhecerem. Onde quer que estejam. 
Aonde quer que se dirijam. Um dia elas se encontram.




E depois da chuva, veio o sol. Naquela manhã havia mais de um sol na minha vida e eu ainda não sabia. Os olhos dele. Aqueles olhos me chamavam para dentro de sua alma e por algum motivo eu gostava daquela visão, daquela luz que vinha de dentro. Cambaleei e agora estou aqui entregue aos sentimentos inundados do amor. Amor daqueles que a gente sonha, e acha impossível acontecer. Daqueles que nos faz voar com os pés no chão e ter a sensação de estar apoiada firme em alguém e saber que, se vier alguma tempestade, os braços dele estaria, lá para me proteger.  Um amor nada repetitivo, único e do bem. Amor que transborda risos e sintonia. Amor que faz bem, que faz sorrir por dentro mesmo estando longe. Amor que caminha ao lado. Acho que nunca terminarei de comemorar a permanência do amor como um presente que recebi. Por algum motivo foi/é mágico nosso encontro e, se assim permanecer desejo o eterno ao lado dele e se não, desejo recomeços, insistências, porque amar é não desistir nos desafios da vida.
Dengo teu. Só teu.

(Rayana Krambeck)

Encanto.


Deus me livre de perder o encanto pela vida, 
embora ela não seja de todo encantada.


(Ita Portugal)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

De volta ao começo.




E o menino com o brilho do sol na menina dos olhos
Sorri e estende a mão entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda e canto as antigas cantigas de amigo irmão
As canções de amanhecer lumiar a escuridão
E é como se eu despertasse de um sonho que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse ao fundo do fim
De volta ao começo
Ao fundo do fim
De volta ao começo.

(Gonzaguinha)

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=wqKfsjyrLpE