(...) Relacionamento
a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas
conversas. Engraçado que quando a gente pára de acreditar em “amor da vida”, um
amor pra vida da gente aparece.
E,
quando vê, você tá fazendo coraçãozinho com a mão igual uma pangaré
(...) Adeus
expectativas irreais, adeus sonhos de adolescente. Ele vai esquecer todo mês o
aniversário de namoro, mas vai se lembrar sempre que você gosta do seu
pão-de-sal bem branco (e com muito queijo). Ele não vai fazer declarações
românticas e jantares à luz de vela, mas vai saber que você está de TPM no
primeiro “Oi”, te perdoando docemente de qualquer frase dita com mais rispidez.
Ah,
gente, sei lá. Descobri que gosto mesmo é do tal amor. DA PAIXÃO, NÃO. Depois
de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar,
venho humildemente me retificar. Eu quero alguém que divida o chão comigo.
Quero alguém que me traga o fôlego. Entenderam? Quero dormir abraçada sem
susto. Quero acordar e ver que (aconteça o que acontecer), tudo vai estar em
seu lugar. Sem ansiedades. Sem montanhas-russas. Não existe nada mais
contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o
escuro. É, no meu caso, mudar o conceito de tudo o que já pensei que pudesse
ser amor. Não, antes era paixão. Antes era imaturidade. Antes era uma procura
por mim mesma que não tinha acontecido. Sei que já falei muito sobre amor, acho
que é o grande tema da vida da gente. Mas amor não é só poesia e refrões.
Amor
é RECONSTRUÇÃO. É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios. Demorei anos pra
concordar com meu querido (e sempre citado) Cazuza: “eu quero um amor
tranqüilo, com sabor de fruta mordida”. Antes, ao ouvir essa música, eu sempre
pensava (e não dizia): porra, que tédio!Ah, Cazuza! Ele sempre soube. Paixão é
para os fracos. Mas amar - ah, o amor! - AMAR É PUNK.
(Fernanda
Mello)