terça-feira, 27 de maio de 2014

A fé.


Infelizmente não é possível obter em pesquisas científicas a partícula fé.
Fé é não saber, e mesmo assim crer.
Crer na imprevisibilidade da vida, que tece um ponto aqui e arremata lá na frente;
Crer no encontro, na inexplicável certeza de que alguns caminhos tinham que se cruzar - para o bem ou para nosso crescimento;
Crer mesmo não enxergando... Confiar e acreditar na estrada mesmo quando a neblina encobre todo o caminho.
Crer que o fato de estar no lugar certo na hora exata pode ser chamado "sorte", mas não deixa de ser providência;
Acreditar que coincidências podem ser eventos aleatórios que te conduzem a um propósito.
Não entendo nada de física mas a ciência me maravilha com suas certezas, dando nome aos fenômenos naturais, amparando dúvidas com comprovações, ensinando que a matéria não é tão sólida, que somos feitos de átomos - prótons, nêutrons e elétrons em vibração. Somos energia, estamos em constante movimento e irradiamos calor, sensações. Captamos fluxos, agitamos outras matérias, organizamos e desorganizamos nosso equilíbrio.
E isso nos dá a certeza de que podemos sentir uns aos outros. E sentir pode ser muitas outras coisas além do que só é visto e tocado.
É estar em harmonia com o que acontece, deixando a maré conduzir nosso barquinho em vez de tentar remar para o lado contrário;
É aceitar os revezes como parte do fluxo natural, não como acidentes de percurso;
É entender as pessoas além do que elas dizem, agem ou omitem; permanecendo "no fundo de cada vontade encoberta", como cantou Caetano em "Força Estranha";
É conectar-se consigo mesmo - independente de dogmas, julgamentos, egos e leis -buscando em si as respostas, descobrindo que você é e abriga a partícula divina.
A ciência nos coloca de volta às origens, ao que é natural, onde tudo começou.
E nos reconhecemos pequenos, partículas de Deus, assim, com letra maiúscula.
(Fabíola Simões)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Explicar.


Eu não gosto de me explicar. Prefiro a penumbra do não-saber. Eu vivo em êxtases provisórios. Vivo dos dejetos de naufrágio que o mar rejeita para a praia.

 (Clarice Lispector)